26/07/2011

Viva O Deixe Viver

Passando pela ponte um dia desses e vendo um anúncio de analgésico na traseira de um ônibus, lembrei do discurso de uma amiga que durante uma fase descontrolada da vida, tomava um coquetel de remédios ao acordar, dizia ela que era uma tentativa desesperada de se prevenir da gripe, cólica, dor de cabeça, enfim, qualquer tipo de mal. Não faço ideia de como é sofrer de síndrome do pânico, mas acredito que se tornar refém do mundo e principalmente de si mesmo deve ser algo altamente desagradável.

Esse episódio me levou a pensar no quanto buscamos nos prevenir de quase tudo que há no mundo. Pode parecer exagerado e até incoerente, mas é só perceber o quanto nos apavoramos quando algo foge do que consideramos ser "a nossa vida sobre nosso controle" pra que tal constatação se torne absolutamente legítima. No campo da saúde a obesidade é a vilã da vez, adoece, envelhece, entristece (porque é esteticamente incompatível com o que se considera saudável) e por fim, mas não menos importante, mata.

O que me assustou, no entanto, foi perceber que cada vez mais a prevenção assume o controle de nossas vidas no campo das emoções. Na tentativa de prevenir as perdas, não nos apegamos a ninguém, para prevenir a deslealdade, não contamos nossas vidas a ninguém, para prevenir até mesmo os acidentes que são imprevisíveis, fazemos seguros e vivemos tentando nos assegurar de que somos capazes de dar conta do mundo, de viver por nós mesmos e é nesse ínterim que deixamos de arriscar tudo por um quase nada que talvez valha à pena, deixando de sentir o sabor da adrenalina e da incerteza e mais que isso deixando de sentir o prazer de amar e viver na intensidade que a vida nos proporciona. É por medo de sofrer que nos tornamos reféns do medo.

Entristeci-me ao perceber que eu estou altamente incluída nesse “nós” acima mencionado e tremi por pensar num futuro ainda mais desprovido de vida e paixão, mas foi reconfortante saber que se me dispus a reconhecer-me neste contexto, estou habilitada a buscar reparar tal erro. Eu sei que a vida tem muitas tristezas pra me oferecer ainda, afinal ela tá só começando... (é o que eu espero né), mas se neste intervalo eu puder viver segundos inesquecivelmente felizes, poderei dizer que faria tudo de novo.

22/07/2011






















O mais assustador em um labirinto é saber que podemos nos acostumar a ele, e acomodados, desistir da missão de redescobrir o caminho da liberdade

Meus roteiros, meu destino

Tenho uma verdade reveladora a dizer: Férias é tudo, mas tudo de bom!! =) Tá, num é tão revelador assim, mas não deixa de ser uma verdade. Durante esses dias de folga, sentimo-nos absolutamente libertos de toda e qualquer obrigação, responsabilidade ou rotina. Acorda-se quando quer, dorme-se a hora que quiser e o mais importante, decide-se espontaneamente o que fazer nesse intervalo. É claro que isso funciona hipoteticamente com a maioria das pessoas, mas nessas férias decidi me recompensar por todas as noites mal dormidas do semestre, e principalmente os dias mal aproveitados por causa de provas, trabalhos e outras coisas igualmente entediantes.
Posso dizer que meu plano deu certo, já fui ao cinema várias vezes, festas, teatro, shows, restaurantes e ainda rola um espaço pra dar umas voltinhas na serra e no mar. No entanto, de todas essas experiências, o que mais me inspira é perceber o quanto aprendi nesse tempo, não só pelo fato de ter lido quase todos os livros que comprei e não li durante o semestre, mas o quanto pude me conhecer parando pra pensar mais em mim e além disso, o quanto pude perceber que não preciso acreditar nas verdades absolutas e irredutíveis que o mundo me apresenta, o mais legal da vida é que cada um pode decidir que caminho seguir, quais escolhas fazer, o problema é descobrir o que verdadeiramente queremos. No livro Alice no País das Maravilhas, de Lewis Caroll, ocorre um diálogo interessante entre a menina e o gato. Ela está perdida em um labirinto e ao encontrar o gato, pergunta desesperada qual o caminho pra sair dali, ele lhe pergunta aonde pretende chegar e ela diz não saber, então ele responde: De que adianta eu te mostrar a saída se você não sabe pra aonde quer chegar?
Isso serve pra mostrar que podemos até culpar a rotina ou o "destino" pela nossa insatisfação, mas se de fato estamos insatisfeitos, isso é fruto de uma negligência em relação ao melhor compromisso que podemos adquirir na vida, a responsabilidade pela nossa felicidade. Não precisaria ter ido a todos os lugares que fui pra chegar a essa conclusão, mas não quero ir a lugar algum antes de me comprometer absolutamente em buscar impreterivelmente ser o mais feliz possível. Se tivesse que escolher uma única recordação pra levar dessas férias, seria este momento, no qual percebo o quanto a verdade é não só esclarecedora, mas tem um poder inacreditavelmente libertador.