21/02/2015

De onde vem essa vontade de voar?

Aos 12 anos decidi que aos 18 moraria sozinha. Tive a oportunidade de “sair do ninho” (com todas as aspas possíveis) aos 15, e os motivos que me impulsionaram nunca envolveram “odeio meus pais” nem nada do tipo. Eu só queria, sem mais.
Ainda sinto isso pulsar em mim hoje e questiono de onde vem essa vontade toda. Lá no fundo sempre soube.  Colocar a cara pra fora da janela é descobrir as possibilidades de ser no mundo, romper (mesmo que sutilmente) com as influências que dirigem nosso jeito de caminhar. É moldar a si próprio e arriscar saber se no fim das contas sobra alguma coisa desse monte de personagens que assumimos no cotidiano. Se só tiver o vazio, é… realmente complica, mas existe uma possibilidade inevitavelmente atraente de descobrir multifaces, multiformas e multipessoas d
entro da gente.
Bate uma claustrofobia saber que o mundo é tão grande e eu ainda tô aqui, tentando recriar meu micro-universo. Quero sentir os cheiros, os gostos, os medos e a falta de fôlego do desconhecido, quero carimbos no passaporte que ainda não tirei. Assim descubro que essa é uma jornada muito minha. Não que eu descarte uma boa companhia, mas quando penso no tanto de mundo que existe pra fora e pra dentro do meu ponto de partida, vejo que essa é uma missão pra encarar sozinha, com mochila leve, coração aberto e brilho nos olhos.
Não sei se terei tempo pra viver todas as aventuras que imaginei aos 12 anos, nem os perrengues que ainda nem pude considerar, mas nessa madrugada pude perceber que a adrenalina ainda corre nas minhas veias como na primeira vez em que acreditei ser capaz de tirar os pés do chão.
“Liberdade é pouco, o que eu desejo ainda não tem nome” - Clarice Lispector In: Caderno do Ensino Médio.

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